quarta-feira, 6 de junho de 2012

veja bem...

"nunca será sério, eu não permito que nada dê certo"

minha terapeuta sem dúvidas destacaria essa frase em seu caderninho de anotações.
quem sabe se eu compreendesse o porquê de tanto tantos que carrego comigo eu poderia
mudar as coisas.
será?
nos últimos dez anos andei escrevendo repetidas vezes sobre isso, sobre os porquês e os o quês. cheguei algumas vezes à conclusão de que compreender a razão para sentir como me sinto não muda a forma com que sinto. mas dizem que posso estar equivocada.
não tenho problemas em estar errada. pelo contrário.
acredito que sou uma pessoa humilde, de bom coração (apesar da psicopatia que em meus pensamentos habita, mas isso é assunto para outros posts)...tanto que envergonho-me de mim mesma por me sentir tão idiota...tão boba.
"de boba não tenho nada". de boba tenho tudo.
sempre precisando, sempre precisando de algo, de alguém, de qualquer coisa que faça eu sentir que sou alguém.
 não que eu ache que não sou ninguém...passei dessa fase graças a deus.
houve uma época em que eu realmente acreditava que eu apenas não existia.
e isso não é uma forma de dizer, eu sentia tão pouco de mim que questionei minha existência.

eles dizem "você é quem sabe". eu digo isso sempre, mas nunca com leveza e sempre com um punhado de rancor e insatisfação por não ter a atenção que gostaria.
"como a ana lida com frustrações"? essa pergunta seria difícil, mas não tanto, caso fosse acerca de muitas outras pessoas que não a minha ana.
sabe...eu tenho uma lupa na mente, no coração, na percepção e ela atrapalha um bocado a minha vida.
sempre ampliando os sentimentos, sejam eles bons ou ruins, de tal forma que lidar comigo torna-se uma tarefa bastante difícil já que satisfazer minha necessidade de atenção é tarefa para ... bom, para ninguém.

 certa vez li em algum lugar que não devemos responder cartas assim que a recebemos.
nossa, faz todo o sentido do mundo...você não sabe como faz.

e o motivo da minha angústia é que, sabendo que não devemos respondê-las ao receber, eu sou capaz de morrer vinte vezes se não as responder.
e isso é rotina, mais que isso (existe alguma palavra que maximize o conceito de rotina? tipo alguma coisa que acontece o tempo todo, mesmo.)...
...
...

essa necessidade que tenho de que as pessoas saibam o que eu estou sentindo mesmo que não faça o menor sentido nem para mim - tão pouco para elas faz com que minhas relações tornem-se insustentáveis a não ser que eu finja.

eu sou muito boa em fingir.
ao mesmo tempo eu não sou capaz de fingir.
umaputacontradiçãodocaramba, eu sei.
eu sempre sei.
eu sempre sei tudo, sempre entendo tudo, sempre.
sei tanto sobre tudo que não sei o que fazer com tanto saber.

e é claro que seria ingenuidade demais querer que qualquer pessoa compreenda tanto saber e tanto sem saber o que fazer dentro da mesma pessoa.

o que me incomoda?
ora...tudo me incomoda.
e como seria diferente?
como não sentir-me incomodada quando tudo o que eu queria é que aquela pessoa me compreendesse, concordasse comigo, aceitasse toda essa loucura e ainda achasse graça?
não dá, gente. 
simplesmente não dá.



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